Um antídoto para o medo de falhar.

Talvez o que esteja impedindo de chegar lá e conquistar o que você quer seja o medo. Medo de falhar. Por que falhar hoje se eu posso falhar amanhã? Melhor deixar para depois. Na ansiedade é comum a luta contra esse medo. Pessoas perfeccionistas sofrem não tanto porque gostam de tudo bem feito, mas por não suportar a imperfeição. Pessoas controladoras sofrem pois querem ter certeza, sofrem tentando controlar o que não dá. O excesso da ordem, a evitação total ao caos, leva paradoxalmente ao caos.

Não dá para negar, é possível que dê errado. Mas, na mente de quem está ansioso a possibilidade se torna verdade. A mente grita "vai dar errado!". O corpo trava ou foge. Se você tá com medo de que dê errado, eu quero te dizer que: Se der errado, não tá tudo perdido. Quero te convidar para uma viagem de volta à sua primeira infância, lá você vai encontrar-se sabendo lidar muito bem com as próprias falhas. Você foi um bebê que errava com gosto. Enquanto você aprendia a caminhar caia muitas vezes e não tinha medo de não conseguir. Se falhasse tentava de novo. Não estava nem aí para o que iriam pensar de você, se pensassem algo nada mudaria no equilíbrio de suas pernas. Você não tinha vergonha de pedir ajuda estendo a mão ou chorando.

Você levantou e caiu quantas vezes foram necessárias. As quedas não eram atestado de incapacidade, mas eram o aperfeiçoar do caminhar. E dessa mesma forma foi para um tanto de coisas como comer, falar, correr, aprender a contar, a ler e etc... Você falhou muito e se desenvolveu muito em um curto espaço de tempo. Você só se desenvolveu porque falhou, aceitou e continuou.

Depois dessa fase, os bebês crescem um pouco e já não são tão fofos, frágeis e inocentes. Às vezes se tornam crianças remelentas que fazem barulho e destroem coisas. Então o mundo começa o processo de modelagem para que a criança caiba em seus moldes: Criança que acerta recebe presente, elogio, nota azul, aprovação social e etc. Criança que falha recebe cara feia, nota vermelha, castigo, risadas, havaianas voadoras nas costas e etc. Se a criança ao falhar não for acolhida, compreendida e orientada, pode assimilar que para ser amada deve sempre acertar. Se ela não for orientada da importância do aprendizado contido no erro, pode assimilar que deve evitar as falhas assim como deve evitar a morte. Se assim for, existe a possibilidade de a criança tornar-se um adulto que se enche do sofrimento desnecessário buscando encaixar-se nos moldes. Um adulto buscando amor e aprovação dos outros enquanto afasta-se de sua autenticidade. Um adulto constantemente frustrado e sobrecarregado buscando um ideal de perfeição inexistente. Um adulto sempre em estado de alerta tentando controlar o que não pode ser controlado para não haver falhas. E o paradoxal é que acaba falhando justamente por evitar tanto falhar. Sem contar quando o medo da falha paralisa e a vida não acontece. O excesso da ordem, a evitação total ao caos, leva paradoxalmente ao caos. Então, se você se sente um pouco travado ou sobrecarregado pelo medo de falhar. Talvez, seja saudável e ajude de alguma forma, lembrar de quando você era um bebê aprendendo a caminhar ou de quando era uma criança aprendendo a andar de bicicleta. Lembre-se do quanto as falhas foram importantes para você. As falhas nunca foram e nunca serão tuas inimigas. Veja-as como amigas e elas sempre serão tuas professoras. Lembre-se de que você conseguiu e que superou as consequências de cada uma das tuas falhas. Você, ainda um frágil bebê, se reergueu das quedas e aprendeu sobre a firmeza e o equilibro dos passos com cada uma delas. Que você possa tirar esse peso de falhar das costas e se abraçar um pouco dizendo que tá tudo bem se falhar. Que você possa resgatar essa criança ou esse bebê corajoso que existe aí e ralar um pouco os joelhos! Óbvio, que não estou recomendo colocar uma capa de super-herói e pular de um lugar alto. Mas, ralar os joelhos, ficar com uma cicatriz ou outra é saudável. Cicatrizes sempre cicatrizam e quando não doem mais, deixam aprendizados. Abraços!! 😊🙌